O que é Arteterapia?
Arteterapia: A estrada que nos leva a nós mesmos.
Desenho de Fernando Diniz, cliente de Nise da Silveira, interno do antigo Hospital do Engenho de Dentro, RJ. |
A Arteterapia surgiu como profissão em 1969 por meio da American Art Therapy Association, porém o uso dos recursos artísticos começou a ser usado com finalidade terapêutica no início do século XIX pelo médico alemão Johann Christian Reil, contemporâneo de Pinel. Este profissional estabeleceu um protocolo terapêutico, com finalidade de cura psiquiátrica onde incluiu o uso de desenhos, sons, textos, para estabelecimento de uma comunicação com conteúdos internos. Carl Gustav Jung também utilizou o recurso da arte aplicado à psicopatologia, que passou a trabalhar com o fazer artístico como forma de atividade criativa e integradora da personalidade. No Brasil, influenciados pelas manifestações anti-manicomiais internacionais, alguns psiquiatras passaram a utilizar, nos hospitais, a arte como atividade ocupacional de seus internos. O principal trabalho com doentes mentais que utilizava a arte como ferramenta, no Brasil, foi o de Nise da Silveira no Hospital do Engenho de Dentro, no Rio de Janeiro.
A nomeação das práticas realizadas no Brasil, como Arteterapia deu-se por volta da década de 60 com a vinda de Hanna Yaxa Kwiatkowska, que ensinava nas universidades como utilizar a arte de forma terapêutica.
Hoje
o campo de trabalho com Arteterapia se ampliou, deixando de pertencer
somente aos hospitais psiquiátricos, chegando à população como um todo e
ganhou status de profissão com a formulação de critérios mínimos que
norteiam a formação do arteterapeuta, elaborados pela União Brasileira
de Associações de Arteterapia - UBAAT
Ângela Philippini, em seu livro Cartografias da Coragem fala que:
“Uma,
dentre as inúmeras formas de descrever o que é mesmo Arte Terapia, será
considerá-la como um processo terapêutico, que ocorre através da
utilização de modalidades expressivas diversas. As atividades artísticas
utilizadas configurarão uma produção simbólica, concretizada, em
inúmeras possibilidades plásticas, diversas formas, cores, volumes, etc.
Esta materialidade permite o confronto e gradualmente a atribuição de
significado às informações provenientes de níveis muito profundos da
psique, que pouco a pouco serão apreendidas pela consciência.”
Não é preciso ter habilidades artísticas para fazer Arteterapia,
pois não é a beleza, ou perfeição técnica que interessa e sim o valor
simbólico do que se expressa. Todos, desde crianças bem pequenas até
idosos, em pessoas que experienciam doenças, que passaram por processos
traumáticos, com dificuldade de aprendizagem, depressão, pânico, baixa
autoestima, entre outras coisas, ou mesmo por estarem em busca de si
mesmas, se aplica a Arteterapia.
O papel do arteterapeuta, ao contrário do que muitas pessoas
possam pensar não é interpretar as imagens que se apresentam, mas
propiciar um momento oportuno, em um espaço seguro, para que o indivíduo
possa encontrar-se consigo mesmo e traçar ali um diálogo imagético.
“Não
se trata de interpretar uma mensagem nem de admirar sua configuração,
mas de reconstruir o caminho da pesquisa que permitiu ao autor encontrar
aos mesmo tempo, o que tinha a dizer e a maneira de dizê-lo” (PAIM, 1996)
Segundo a American Art Therapy Association, Arteterapeutas são
profissionais com treinamento tanto em arte como em terapia. Têm
conhecimento sobre o desenvolvimento humano, teorias psicológicas,
práticas clínicas, tradições espirituais, multiculturais e artísticas e
sobre o potencial curativo da arte. Utilizam a arte em tratamentos,
avaliações e pesquisas, oferecendo consultoria a profissionais de áreas
afins. Trabalham com pessoas de todas as idades, indivíduos, casais,
famílias, grupos e comunidades. Oferecem seus serviços individualmente e
como parte de equipes profissionais em contextos que incluem saúde
mental, reabilitação, instituições médicas, legais, centros de
recuperação, programas comunitários, escolas, instituições sociais,
empresas, ateliês e práticas privada. (AATA, 2003)
Os referenciais teóricos em Arteterapia poderão variar (abordagem
junguiana, gestáltica, comportamental, psicanalítica, antroposófica,
centrada na pessoa, construtivista, etc.) e serão temperados com a
singularidade de cada arteterapeuta, estabelecendo-se assim as
diferenças e semelhanças nas formas de desempenhar este ofício.
(Philippini, A. 2004)
Sendo assim podemos dizer que a Arteterapia é a arte de curar a si
mesmo através de um diálogo que se estabelece entre inconsciente e
consciente por imagens. E o arteterapeuta é o mediador dessa conversa, o
anfitrião que proporciona ao indivíduo a possibilidade desse encontro
de forma prazerosa, por vezes estimulando o confronto, por outras os
apaziguando, dando o suporte e acolhimento necessário a quem se propõe à
jornada da busca interior.
*Este texto é de minha autoria e foi retirado do meu projeto pessoal "O Desenho na Arteterapia: configurando sonhos, sentimentos e idéias", feito para o Curso de Formação Clínica em Arteterapia da Clínica POMAR, em maio de 2010.
Raquel Souto
http://arteeterapia.blogspot.com.br/p/o-que-e-arteterapia.html
*Este texto é de minha autoria e foi retirado do meu projeto pessoal "O Desenho na Arteterapia: configurando sonhos, sentimentos e idéias", feito para o Curso de Formação Clínica em Arteterapia da Clínica POMAR, em maio de 2010.
Raquel Souto
http://arteeterapia.blogspot.com.br/p/o-que-e-arteterapia.html
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